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LENDÁRIO - Origens e influências

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Vídeo sobre a origem e as influências de LENDÁRIO, o meu primeiro livro. Está disponível em PDF .

LENDÁRIO

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LENDÁRIO - ficção ( download do livro AQUI )   Sinopse:   Rodrigo Baldaia tem visões de uma misteriosa mulher. Ela leva Rodrigo a locais escondidos do passado, tidos como lendários.   A vida demasiado pacata e sem sentido de Rodrigo é sacudida e ameaçada até às suas fundações, quando forças ocultas querem manipular Rodrigo para chegar ao mistério por detrás desses locais lendários.   Sacar AQUI   Mais opções de download AQUI  

Dívida de Gratidão (Peça de Teatro de um minuto)

Sete cadeiras dispõem-se em semicírculo no palco. Seis delas estão ocupadas; uma, central, encontra-se vazia. Os ocupantes são skinheads nazis tatuados, de voz e expressão duras (género é indiferente). Falam animadamente enquanto entra em cena, da direita de palco, um outro skinhead, de expressão compenetrada. Os restantes mostram-se desconfortáveis com o atraso, mas resignados. O último segura as costas da cadeira, de braços tensos. Último – Vou ter de ir… Skin-1 – És burro?! Chegas a esta hora a uma reunião importante, e já vais? A causa não é um brincadeira, amigo! Último – Não, tu não ‘tás a entender… Isto para mim acabou. Skin-2 – Oh! Senta mas é o cu, antes que te pregue um remo nesse puto desses cornos, que te sentas já aí mansinho! Skin-3 – Ouve lá, calma! ( Para o Último: ) Mas o que é que se passou? Último ( Procura as palavras cuidadosamente. ) – Pá, os cabrões duns brasileiros salvaram-me a vida… Skins-1 – E quê?! ( Faz uma pausa, olhando o últ

O Espirro (Peça de Teatro de um minuto)

Pequeno estabelecimento comercial. Na direita, um cliente dirige-se ao balcão, no qual o aguarda uma simpática lojista. Lojista ( Sempre sorridente. ) – Boa tarde! Em que posso ajudá-lo? Cliente – Boa tarde. ( Entrega um postal, que tenciona pagar com cartão bancário, que segura. ) Quanto é? Lojista – Com cartão…? Tenho o Multibanco a carregar, mas trago-o já. ( Sai pela direita. ) O cliente começara a reter um espirro, mas não consegue mais contê-lo. Pousa o cartão no balcão, espirra e verifica que tem a mão direita coberta de ranho, pelo que começa freneticamente a procurar um lenço. Quando a menina regressa, ele disfarça, exageradamente, segurando a mão direita estranhamente. Lojista – Aqui tem, pode introduzir o cartão. Cliente – Com certeza… Só um segundo… ( Introduz, atabalhoadamente, o cartão na máquina com a mão esquerda e paga, atrapalhado. ) Lojista ( Cumprimenta-o, de mão estendida. ) – Muito obrigado! Volte sempre! O cliente hesita, de olh

Desenvolvimento Económico (Peça de Teatro de um minuto)

Uma criança está sentada à mesa, a escrever. Vai mordendo o lápis pensativamente. Entretanto, o pai entra, puxa duma cadeira, e senta-se ao seu lado. Então, a criança pergunta: Criança – Ô, papai! Eu ‘tou fazendo um trabalho p’ra escola, sobre o desenvolvimento económico do Brasil. Pai – Sim, muito bem! Que você precisa saber? Criança – Isso quer dizer que nós agora vamos poder poluir o que quisermos, invadir a Venezuela para ficar com o petróleo deles, e instalar no poder dos outros países quem nos interesse? ( O Pai sorri. ) Pai ( Rindo um pouco. ) – Não, filho, não! Nós não vamos fazer isso. Somos gente boa, aqui! Isso antes significa que vamos poder dizer aos Portugueses como se escreve a língua deles. Isso, sim! ( Aponta para o papel, como quem indica ao miúdo que escreva. ) O Pai afaga o cabelo do miúdo, que sorri e passa directamente à escrita da informação absorvida. Fim.

Fama & Fortuna #16

Ando eu aqui todo preocupado, e não é que afinal já atingi o sucesso. Sabem o que é o sucesso? É quando se usa muitas palavras em inglês para descrever o que fazemos. A sério. Ou melhor, "seriously"! A malta agora quer é ser "manager", contratar pessoal em "outsourcing" para dar "training", trabalhar em "coworking" com malta de "IT", dar muito "support" ao "corporate client". Se és "advisor", basta seres "top", vestires-te como manda o "dress code", para ganhares a promoção a "coach". Mantém o "mindset", sempre a subir até ser "CEO". Eu achava que era só um carocho que pedia gorjetas na rua. Mas não. Afinal, estou no caminho certo. Sou "tour guide" em "part-time", numa "walking tour" que funciona a "tips", numa "UNESCO Media Arts city". Além disso escrevo "nonsense" para a &quo

Fama & Fortuna #15

É suposto eu atingir a fama e a fortuna durante o Verão? Apesar do Verão estar a meio gás, convenhamos que a moda Primavera-Verão tem a carne toda no assador. Ou melhor, tem a carne toda à mostra... Eu sou noivo, sou bom rapaz, sou feminista, respeito as mulheres, essa treta toda. Mas tenho olhinhos, pelo amor da santa! Como é que é suposto eu concentrar-me? Saio à rua em busca de inspiração e parece que fui jantar à Churrasqueira Angolana, é só peitos e coxinhas bem tostadas... Tudo ali, a chamar a atenção. Vou fazer posts de citações parvas ao Instagram e está tudo a fazer a sua melhor imitação da Ana Malhoa, em fotos na praia em "almost topless". Vou escrever parvoíces no Facebook e está tudo a mudar fotos de perfil para aquela foto que até ficou mal, que chatice, que se vê o mamilo esquerdo sem querer, oh ups, agora já está...! É suposto eu atingir a fama e a fortuna durante o Verão? O que eu vou atingir é o potencial no desenvolvimento da musculatura do membr

Fama & Fortuna #14

O grande inimigo da minha fama e fortuna é a procrastinação. Se eu tivesse um nome do meio era Luís Miguel. Porque o primeiro ia ser Procrastinação. Procrastinação é assim: eu faço muito de graça. Se não fosse a procrastinação: eu fazia pouco a cobrar milhões. Ou pelo menos é isto que diz a minha extremidade esternal de costela capitalista. Eu sou anti-capitalista. Que é como quem diz que não acho nada bom que a gente se ande a explorar uns aos outros. Neste caso, também não sou muito de me explorar a mim próprio. O capitalismo diz que se nós não temos sucesso, é porque somos uns preguiçosos e procrastinadores de cocó. Ou seja, com a procrastinação um gajo hoje é pobre e filho da sua igualmente pobre, mas santa, mãezinha. Se não fosse a procrastinação o registo civil mudava logo, e um gajo seria rico e filho da p***... E do Joe Berardo. Portanto, para o capitalismo a pobreza não é destino, nem condição à nascença. É uma questão de atitude. Isto pode ser surpreendente, ma

Ladrão de Jóias (da peça "Hitchcock")

"Hitchcock" estreia no Sábado (15 de Junho, 21h30, Centro Cívico de Palmeira). É encenada por mim. Esta é a última história. LADRÃO DE JÓIAS (adaptado por Miguel Marado a partir do conto de Philip Ketchum) (Lennie surge do lado esquerdo com uma caixa na mão. Dirige-se ao público, humilde mas seguramente:) Lennie – Olá…! Boas… Sou um ladrão de jóias e vou dar-vos uma pequena lição... Um curso intensivo, se preferirem. Sou um bom ladrão! Roubo os ricos. Não os demasiados ricos, mas ricos que facilmente substituem o que lhes “peço emprestado”. Trabalho sozinho, há doze anos, em várias cidades, sendo que fico três meses em cada visita. Faço três ou quatro “trabalhos” e vendo os despojos na cidade seguinte. É um trabalho normal, ganha-se é um bocado melhor que a média, cerca de 60 mil euros anuais, e não há cá rotinas… Sou cauteloso. Não ando com armas, não precisamos delas e o mais provável é nem as vermos. Também não bebo, a clareza é fundamenta

O Céu como Limite (da peça "Hitchcock")

"Hitchcock" estreia no Sábado (15 de Junho, 21h30, Centro Cívico de Palmeira). É encenada por mim. Esta é a terceira história. O CÉU COMO LIMITE (adaptado por Miguel Marado a partir do conto de Richard Hardwick) (Artur está deitado do lado direito do palco, em posição fetal. Vai recuperando a consciência até que se levanta e olha para si mesmo, todo de branco, sem se aperceber do que se passa. Entra Carolina com o mesmo tipo de indumentária, do lado direito do palco, e diz:) Carolina – Artur? Artur Pascal? És mesmo tu? (Artur concentra-se e foca incrédulo o seu olhar na figura que se aproxima.) Carolina – Caramba, és mesmo tu, Artur! Artur (Confuso.) – Carolina…? Desculpa, mas… Tenho ideia de ter estado no teu funeral, há oito anos… Carolina – Relaxa, Artur! Não tenhas pressa, aqui não há pressas. Como se costuma dizer, tem-se muito tempo para tudo quando se ‘tá morto… Artur (Tocando as bochechas e