O Espirro (Peça de Teatro de um minuto)

Pequeno estabelecimento comercial. Na direita, um cliente dirige-se ao balcão, no qual o aguarda uma simpática lojista.

Lojista (Sempre sorridente.) – Boa tarde! Em que posso ajudá-lo?

Cliente – Boa tarde. (Entrega um postal, que tenciona pagar com cartão bancário, que segura.) Quanto é?

Lojista – Com cartão…? Tenho o Multibanco a carregar, mas trago-o já. (Sai pela direita.)

O cliente começara a reter um espirro, mas não consegue mais contê-lo. Pousa o cartão no balcão, espirra e verifica que tem a mão direita coberta de ranho, pelo que começa freneticamente a procurar um lenço. Quando a menina regressa, ele disfarça, exageradamente, segurando a mão direita estranhamente.

Lojista – Aqui tem, pode introduzir o cartão.

Cliente – Com certeza… Só um segundo… (Introduz, atabalhoadamente, o cartão na máquina com a mão esquerda e paga, atrapalhado.)

Lojista (Cumprimenta-o, de mão estendida.) – Muito obrigado! Volte sempre!

O cliente hesita, de olhos esbugalhados, como se a mão que tem apontada fosse algo terrível. Então, decide-se. Agarra a mão da senhora, carinhosamente, com a sua mão esquerda, põe o joelho direito no chão, e beija-a. Perante o espanto da lojista, levanta-se, muito esticado. Sem saber como reagir, faz-lhe uma continência.

Cliente – Sou um homem muito conservador… (Mal termina a frase, vira costas e sai pela esquerda, rapidamente, deixando a lojista atónita, com o postal na mão.)

Comentários